24.11.10


É assim. É tudo muito bonito, mas as saudades vieram para ficar. Espanha está a ser praseirosa mas, definitivamente, não há nada como a nossa casa. Não pelo facto de ter que cozinhar ou fazer as tarefas caseiras (todos sabem que sou maníaca por limpeza e as minhas aptidões para cozinhar até melhoraram desde que cá estou), mas pelos os amigos que me fazem cada vez mais falta a cada dia que passa. Nada substitui a verdadeira amizade. E saber que sentem a minha falta também não ajuda muito... Sei que estas saudades provêm da minha parcial desilusão com Erasmus: o espírito por aqui é escasso, as pessoas estão dispersas e fomentam intrigas e diz-que-disse, o que nunca me passou pela cabeça quando me candidatei. Segóvia é uma cidade pacata, não tenho nada a apontar. A nível de aulas tudo corre lindamente (recebi um 10 esta semana, motivo de euforia, obviamente) e a bolsa Erasmus tardou, mas já cá está. Tudo deveria estar equilibrado. Pois, não está. Há um espaço em branco, aquela parte que não se preenche assim tão facilmente. Não se pode enganar o coração por mais que se tente e se invente mil e uma manobras. Oiçam de quem está a passar pela experiência, é uma tentativa falhada!

18.11.10

No passado dia 12 de Novembro tive oportunidade de participar na organização de uma visita guiada por Segóvia, para um grupo de estudantes universitárias americanas vindas de Oregon. Para além da magnífica ocasião para praticar o meu inglês com nativas (todos sabem que a mi me encanta la lengua englesa), acabei por usar também o meu espanhol, já que as referidas alunas estão em Espanha a participar de um programa de intercâmbio de 10 semanas, com o objectivo de aprender a língua de nuestros hermanos


Começamos por volta das 4 da tarde e a visita acabou
por se prolongar até cerca das 7 da noite!


A actividade foi proposta pela nossa professora de inglês Mamen Hornos. Como devem calcular foram as espanholas que organizaram o itenerário, e o facto é que no final se revelou mais interessante que a visita pela Juderia em que o grupo de Erasmus participou na chegada. Conheci mais sobre as tradições e as lendas da cidade nesta tarde do que na  manhã que passámos com a guia oficial! 


As montanhas conhecidas como La Mujer Muerta.


Uma das lendas que ouvi achei bastante curiosa, até pelo seu nome: a lenda da mulher morta. Com a lenda que uma mãe se quis sacrificar a Deus para que este salvasse os seus filhos. Deus aceitou o seu sacrifício e depositou o corpo no cume das montanhas. O povo diz que é por isso que os contornos da montanha nos recordam uma silhueta feminina! Demora um tempo, mas com alguma concentração é possível identificar o rosto, e a partir daí o resto do corpo.


Pausa para os nossos pés, Calle Juan Bravo.


Magnífica vista de Segóvia! E já há neve nas montanhas...


Céu ardente na tarde outonal.


As espanholas (organização) com o grupo no final da tarde.
Aqueduto em plan de fundo.


No fim de contas só tenho uma palavra: único! Foi uma experiência que espero vir a poder repetir num futuro próximo, apesar de saber que o quero profissionalmente não passa nem perto de Turismo. 

24.10.10

"La Plaza Mayor está enmarcada por los bellos pináculos del ábside de la Catedral, punto de reunión vespertino de las cigüeñas. De estilo gótico tardío, comenzó a construirse en 1525, con la colaboración desinteresada de los segovianos, bajo la dirección de los arquitectos de la familia Gil de Hontañón. Sustituyó a la Catedral Vieja situada en los actuales jardines del Alcázar y destruida durante la Guerra de las Comunidades en 1520."




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Já tive oportunidade de conhecer a catedral por dentro e é avassalador o sentimento enquanto caminhamos pelos corredores. É uma sensação de pequenez que só mesmo quem já visitou sabe do que falo. Deixo algumas fotos para que fiquem com curiosidade de vir até aqui conhecê-la pessoalmente.

(é incrível morar mesmo ao lado de um monumento tão grandioso!)


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Já passou um mês desde que cheguei a Segóvia, o que inclui três semanas de aulas. Como é óbvio existem diferenças e semelhanças, algumas boas e outras nem por isso. Juntei alguns pontos que pensei que vos pudessem interessar:


  • Edifícios
Ambos reúnem as condições necessárias para que uma aula seja eficaz: desde projectores que funcionam a primeira (não como em Portugal, que muitas vezes há que pedir a intervenção do técnico de informática) ao reconfortante aquecimento central, que pelo que sei também foi implementado este Verão na ESECS, juntamente com o ar condicionado. Obviamente que as temperaturas não são as mesmas, mas há que concordar que já houve alturas em que nem sentia as mãos para escrever. Aqui posso ficar de manga curta que ainda sinto calor! Em termos de acessibilidade na Faculdade de Publicidade existe elevador, o que faz  com que a barreira das inúmeras escaleras  que existem no edifício seja facilmente ultrapassada para quem tem a sua mobilidade reduzida (apesar de não dar acesso a todas as áreas da escola). A Faculdade de Turismo é nula nestes termos e posso dizer com segurança que seria praticamente impossível um portador de deficiência motora estudar lá. Se repararem são ambos antigos palácios, o que torna qualquer reforma inoperante. Para além disso, acredito que haja uma lei qualquer que proíba alterações em património deste tipo.


  • Professores
O coordenador de curso é impecável. Inclusive tentou responder em português aos nossos e-mails, acabando por dizer coisas como "reunião no meu despacho", mas o esforço é de louvar! É extremamente empático, o que facilita muito as coisas. Disponibilizou-se até a conversar com os outros professores se necessário, o que é mais do que se pode pedir. Em relação ao professores que nos leccionam as aulas propriamente ditas, quase todos se prontificaram a esclarecer eventuais dúvidas, demonstrando preocupação em falar mais pausadamente para facilitar a compreensão da nossa parte (o que é bem-vindo na hora de tirar apontamentos). Utilizei QUASE porque, como sempre, há um professor que parece ter gosto em nos dificultar a vida. Para além de ser o único que não vai incluir escolha múltipla no exame (que para quem não tem uma ampla gama de vocabulário é a salvação), dita literalmente a matéria! É a única aula que me sinto menos confortável. Imaginem-se de volta à escola primária, a darem por vocês a pensar como é que determinada palavra se escreve, e antes ainda, o que é que aquela palavra significa... Claro que enquanto consideram estas variáveis já perderam metade do que o prof. disse. Acabo por ficar frustrada, e penso que isso se nota, já que de há algumas aulas para cá reparei que repete o que diz de vez em quando! Arestas que se hão-de limar com o tempo.

  • Método de Ensino
Como já referi aqui também se recorre à utilização de diapositivos para explanar a matéria. Tê-los é que é mais complicado, já que apenas uma os disponibiliza na página da Universidad de Valladolid, página essa a que qualquer estudante tem acesso, sem necessidade de palavras-chave ou nome de usuário. No geral todos dão tempo de passar o seu conteúdo e não têm problema de voltar atrás se necessário. Há quem se apoie unicamente nas apresentações, quem traga notícias actuais e casos práticos para analisarmos, e quem faça exercícios no final das aulas. Resta, como seria de esperar, aqueles que apenas expõem os conteúdos oralmente, fazendo um apontamento ou outro no quadro. Felizmente são apenas um ou dois. Comparativamente, considero que aqui os professores tentam cativar mais os alunos, fazendo com que participem com a sua opinião ou fazendo-los pensar deixando um ideia em aberto. Vantagens de turmas com cerca de 60 a 70 alunos. De salientar que cá só agora de fez a transição para Bolonha, havendo muito menos componente prática (o chamado trabalho independente), como são exemplos os trabalhos de grupo e apresentações de trabalhos. Dependendo da crenças educacionais de cada professor faz-se apenas um exame a valer 100% da nota final, apoiado com um trabalho facultativo que ajuda na ponderação do exame. Apenas em Organização e Direcção do Gabinete de Comunicação os trabalhos valem 40%, facto que a docente desde logo justificou por ser defensora de Bolonha. 


  • Alunos
A grande diferença que salta à vista a partir da primeira aula é que aqui todos tiram apontamentos! Rapazes e raparigas, da primeira à última fila, todos têm material de escrita e seguem atentamente as definições dadas pelos professores. Vá podem tirar essas caras de espanto! Eu sei que a tive no primeiro dia. É incrível o silêncio que há nas aulas e a forma como todos prestam atenção. Não é que me incomode, pelo contrário... Só que como devem calcular não estava habituada aquele ambiente. E não estou a falar de alunos de último ano! Isto não me devia parecer algo do outro mundo, mas dei por mim a pensar que havia ali algum truque ou que tinham sofrido alguma espécie de lavagem cerebral. Não desfazendo a minha turma em Portugal, isto para nós é tipo utópico: ouve-se falar, mas não se tem a certeza que existe. Com toda a certeza que estão aqui em jogo factores como a educação e a cultura, já para não falar do sistema de valores. Psicologia à parte, estou grata que assim seja, até porque não têm problemas em emprestar os seus apontamentos (úteis na tal aula em que o professor dita tudo), ao contrário de um certo egoísmo com que todos de alguma forma já nos deparámos em Portugal.



  • Serviços e Funcionários
A reprografia para além de cara, peca na organização. Aqui os textos não são numerados, de forma a que quando se tem uma sebenta de 200 páginas que já passou pelas mãos de mais de meia centenas de pessoas, está tudo de tal forma baralhado que de perde o fio a meada. Não existe sistema de senhas e somos atendidos por ordem de chegada o que por vezes se torna um pouco confuso. Como só trabalha uma funcionária pode demorar um pouco até ficarmos despachados. Normalmente evito entrar quando vejo que está muita gente. Aqui não há refeitório, nem tão pouco serviço de bar ou cafetaria. Aliás, nem uma máquina de vending há! Portanto estou de volta ao velhos lanchinhos e snacks. A única máquina que há é de refrigerantes, aspecto que os alunos espanhóis parecem gostar, porque é frequente vê-los com Coca-colas e Fantas a matarem a sede no meio das aulas. Para mim não me incomoda muito, já que moro a 2 minuto da Faculdade e como frequentemente em casa. Relativamente aos funcionários, são acessíveis, prestáveis e têm sempre resposta pronta. 

    Resumindo e concluindo, o que falta em serviços é compensado pela forma de ensino e ambiente nas aulas. Tanto o ensino português como o espanhol têm as suas falhas, cabe aos alunos darem a volta por cima. É o que quero fazer este semestre. Voltar a Portugal sabendo que dei a volta por cima!

    8.10.10

    Na chegada. Uma das primeiras ruas que pisei em Valladolid.



    Valladolid é sem dúvida uma cidade encantadora! Nem sei por onde começar... Talvez pelo início, certo? Na sexta-feira foi a vez de visitarmos esta bela cidade, mais uma vez para um dia de orientação. Chegámos por volta das 10.30, depois de uma hora e meia de viagem desde Segóvia, e à medida que nos aproximávamos cada vez mais me dava conta que nada daquilo se parecia com a minha cidadezinha de mobilidade, com todo o devido respeito. As ruas eram largas, havia muito mais movimento e, a cada esquina, uma tienda de roupa diferente. O número de carros quadruplicara, para colmatar o excesso de pessoas. O ponto de encontro era o Palácio de Congressos, e embora já nos tivessem advertido para o facto que em Valladolid seriamos cerca de 900 estudantes, vindos de programas de mobilidade, não estava muito convencida. Teria de ver para querer!


    Palácio de Congressos da UVA.



    Bastou chegar ao campus universitário para perceber isso. As residências de estudantes eram enormes. Grandes prédios ao redor da universidade, universidade essa cujo o tamanho correspondia bem ao número de residências vistas.


    Um dos blocos de residências.



    Tudo o que vi transpirava qualidade de vida, e por uns escassos momentos invejei não estudar ali. Ao entrar no local de congressos compreendi bem o que o número 900 quantifica! Pelo que nos disseram na palestra vêm alunos do Japão, da China e até mesmo da Austrália. A minha inveja aumentou significativamente quando imaginei como seria o ambiente nocturno.


    Já no interior, com a maior parte dos estudantes de mobilidade.



    Depois de ouvirmos praticamente as mesma explicações que nos tinham sido dadas em Segóvia, foi-nos dito que à saída haveria guias turísticas que nos levariam para conhecer os pontos históricos da cidade. Começámos numa catedral (agora convertida em museu) e terminámos na Plaza Mayor, onde faleceu Cristovão Colombo, razoavelmente rico devido ao ouro que os seus homens tinham acumulado, no dia 20 de Maio de 1506.


    Na entrada da Catedral, actualmente palco do
    Museo Nacional del Colegio de San  Gregorio.


    Pormenor da fachada, com símbolos da Comunidade de
    Castilla y León.

    Uma das ruas da cidade, a caminho da Plaza Mayor.

    Plaza Mayor, o culminar da visita guiada.

    Aqui faleceu Cristovão Colombo, aos 55 anos.

    O grupo, no final da visita guiada!

    O almoço foi livre, cada um optou pelo local que mais lhe convinha. O nosso grupinho de Segóvia manteve-se mais ou menos unido, e a verdade é que eramos 7 na Pans & Company. A fome era tão pouca que ninguém se arriscou na comida típica, com receio de não ficarmos satisfeitos. Na parte da tarde a conversa foi fluindo, enquanto explorávamos a cidade. 


    Rua comercial. De salientar a figura humana no topo
    do edifício, ao fundo. 


    Aborreci-me um pouco com tanto "sai de uma loja, entra noutra", mas valeu a pena. Conforme o tempo passava percebi muitos deles seriam potenciais amigos para vida, algo deveras reconfortante. Danira e Gabi (alemãs), Klára e Martín (checos), Humberto (Venezuelano) e nós, as portuguesinhas. 


    Uma das pérolas preciosas do dia! (sem comentários) 


    Tenho que dizer a verdade. Foi nesta tarde que tive o meu primeiro encontro imediato do 3º grau! Nada previa que algo assim iria acontecer. Entrámos no Carrefour para comprar uma àgua, e lá estava ele. Sossegado, olhar meigo... Não resisti. Quando saí do supermercado não vinha sozinha. Trazia comigo um tigre de peluche de 1 metro de altura! Foi a estrela do dia. Apelidei-o de Paco, o que lhe deu ainda mais carisma. Hoje não há dia que não me perguntem por ele. Tornou-se a nossa mascote. O reencontro estava marcado para as 5 da tarde na Plaza Mayor, já que mais tarde assistiriamos à cerimónia de abertura do ano lectivo na Casa del Estudiante.


    Da esquerda para a direita: Martín, Klára, Vanessa,
    Paco e Humberto.


    A caminho da Casa del Estudiante paramos um pouco nos principais pontos turísticos, para dar oportunidade de tirarmos as últimas fotos, especificamente na Praça de Espanha e na zona do Campo Grande, locais encantadores pela arquitectura.


    A fonte da Plaza de España (a foto não era tão explícita)


    No centro do Campo Grande, a enorme fonte.


    No nosso último compromisso do dia ouvimos testemunhos de estudantes de mobilidade dos variados programas e bolsas que existem em Valladolid. Como é óbvio, todos salientaram a óptima experiência que tiveram e a forma como viver noutro país influenciou as suas vidas e carreiras profissionais. Para concluir a cerimónia assistimos à actuação do Coro da universidade, o qual vez um convite a quem gostasse realmente de cantar. Fui obrigada a morder o lábio inferior. Com uma actuação daquelas foi impossível não ficar cativada! Tenho cantado no quarto, como é hábito. Aqui não há karaoke e o meu único público é o meu senhorio, quando se coloca com o ouvido na porta do meu quarto! Hei-de sobreviver. 


    O imponente coro da UVA.


    No final fomos convidados a beber algo com o Vicerrector da Universidade de Valladolid. Havia também longas mesas com petiscos locais. O cansaço já era evidente, depois do longo dia, mesmo assim o grupo ainda mantinha o espírito.


    Em cima: Coralie, eu, Humberto e Gabi. Na parte inferior: Fátima,
    Kathy, Vanessa e Danira.


    Por volta das 10 e qualquer coisa voltámos a Segóvia. Se tivesse que escolher uma palavra para este dia seria certamente "enriquecedor". Conheci toda uma nova cidade, acompanhada de pessoas excepcionais e ainda ganhei um companheiro de quarto. O que é que se pode pedir mais? Após tanta acção, não consegui esconder a fadiga e fui apanhada desprevenida:


    Sleeping Beauty.

    27.9.10

    Na passada quinta-feira tivemos o dia de orientação aqui em Segóvia com os restantes Erasmus. Confesso que estava bastante ansiosa para conhecê-los. Já sabia que havia mais portugueses da nossa escola, agora faltava o resto... Na parte da manhã estivemos com a Prof. Pilar del Río, coordenadora do gabinete de Relações Internacionais e com a becaria Cristina, que trabalha no mesmo gabinete. Papeladas e intruções à parte, podemos apresentar-nos, dizendo de onde vínhamos e qual o curso que vamos frequentar. Somos cerca de 30, vindos de países europeus como Portugal, França, Alemanha, Itália, República Checa e Polónia. Do outro lado do atlântico vieram três brasileiros e um Venezuelano! Digamos que a troca de ideias e cultura (os palavrões também fazem parte da cultura, não é verdade?) estão na ordem do dia, todos os dias. Após a reunião, foi-nos proporcionada uma visita guiada pela Judería, a parte da cidade que antigamente pertencia ao judeus. 


    O grupo na entrada para a sinagoga, que actualmente é um convento.


    Fiquei um pouco desiludida, já que pensava que nos iam levar a uma tour no autocarro turístico. Ao que parece não são só os portugueses que têm o orçamento curto... Apesar de tudo foi enriquecedor poder conhecer La Sinagoga Mayor (sec. XIII) e um pouco da sua história. 


    A descer para a entrada principal.


    A guia contou-nos que o motivo que levou os cristãos a conservar a sinagoga é baseado numa lenda, segundo a qual um grupo de judeus terá querido queimar um pedaço de hóstia cristã e esta terá voado, dando uma volta pela cidade, regressando novamente à sinagoga. A lenda foi passada para um quadro, ilustrando o que terá sido presenciado pelos judeus naquela altura. 


    Já dentro da sinagoga.


    O quadro, cujo o autor não me recordo.


    Visitámos também o centro didáctico da Judería, onde nos foi dado a conhecer mais um pouco do que foi a presença da comunidade judia na cidade. 


    Uma das ruas antigas da Judería (se semi-cerrarmos os olhos
    quase que se torna o terreiro de Leiria!)


    Na Calle del Sol, onde antigamente se situada uma das portas da
    cidade, a caminho do centro didáctico.

    Na entrada.


    Alguns dos objectos judeus em exposição.


    Terminámos no limite da cidade, observando o local onde os judeus enterravam os seus mortos e visitando o museu de Segóvia. 


    Vista da zona limítrofe da cidade.


    Cheguei a casa com uma valente dor de pés e uma fome do tamanho do mundo. Afinal já eram duas e qualquer coisa da tarde e o pequeno-almoço há muito que já tinha ido. Mesmo não tendo havido oportunidade para conhecermos melhor, o grupo pareceu-me simpático à primeira vista e já se podiam adivinhar os bons momentos vindouros!

    22.9.10

    Finalmente, depois de 15 horas de viagem, de um comboio, um autocarro e dois táxis (não necessariamente por esta ordem) já cheguei a Segóvia. Na verdade já cá estou há 4 dias. Como é óbvio os primeiros dias são sempre atarefados. A instalação, as primeiras compras para casa, conhecer a cidade... Enfim, aquele reboliço característico. Moro mesmo ao lado da Catedral, e como estava estada no dia em que cheguei só a pude ver de noite com mais atenção.


    A catedral, monumento de arte gótica


    Ao contrário do que pensei não foi assim tão difícil viajar sozinha. Estava com receio que o meu espanhol não fosse suficiente, o que se agravava com os comentários de que os espanhóis não fazem o mínimo esforço para perceber o português. O engraçado é que não precisei do português para nada! Até vim à conversa com um senhor de idade no caminho de autocarro para Segóvia (enquanto me consegui manter acordada). No geral, são todos muito acessíveis. Quanto ao preço dos transportes é muito similar a Portugal, tantos os transportes públicos como os táxis. Na primeira noite em que cheguei fomos todas cá de casa sair. Eu, a minha colega portuguesa e a checa. 


    El acueducto por la noche


    O ambiente da noite é super saudável. Há gente pelas ruas, nos degraus das entradas dos bares, e onde quer que se vá há sempre pinchos, pequenas fatias de pão na qual é colocada uma pequena porção de comida (o nome surge do facto de tradicionalmente se colocar um palito para segurar a comida, o que já não é obrigatório hoje em dia). Como é óbvio o espanhol é língua que se ouve, até entre estudantes erasmus, o que me frustra um bocado, já que vinha na expectativa de aperfeiçoar o inglês... (mas o que é que eu estava a pensar?)


    Aqui os pinchos já se tinham evaporado! 


    Quanto aos preços nos bares, uma cerveja como na foto acima é 3€, e as vodkas (para quem odeia cerveja como eu e a checa) são 4€. Pelo tamanho dos copos basta dois destes para alegrar a noite! É frequente os camareros oferecerem bebidas a quem está sentado ao balcão. Especialmente chopitos (shots), que aqui são apenas 1€. Na segunda noite que saímos, já com mais estudantes erasmus (duas alemãs e uma italiana) encontramos um sujeito deveras peculiar. Fala espanhol, italiano, português e inglês. Assim que soube que havia portuguesas no grupo a primeira coisa que disse foi "Portuguesas? Foda-se!" Claro que só nós é que nos rimos. Estar a uns bons quilómetros de casa e ouvir uma destas é um presente fora do normal. Ao que consta o senhor morou em Guimarães alguns anos. Ah, mesmo depois de termos traduzido ao resto do grupo, ninguém achou piada. Deve ser algo de que só mesmo os portugueses se riem. 


    O grupo depois de um chopito (com o tal senhor poliglota)

    Até agora distingo dois bares: Toys e o La Luna. Sendo que o primeiro é bom para beber um copo é conversar, enquanto o segundo é seguramente um local para bailar, como se diz por aqui.


    Los camareros de Toys. ¿Qué guapos, no?

    La fiesta en el bar La Luna


    Por agora é tudo, amanhã tenho a Jornada de Bienvenida e vou ter que acordar cedo.Estou ansiosa para conhecer mais estudantes erasmus. Assim que puder mostro-vos Segóvia de dia :)

    9.9.10


    Quem me conhece sabe que sou fã incondicional de Dexter, uma das melhores criações da Showtime, produtora de séries como Weeds ou Californication. Não há como não gostar. Desde o brilhante desempenho do actor Michael C. Hall (que após uma luta árdua superou com sucesso o cancro, em Abril deste ano), ao magnífico trabalho dos argumentistas na criação de toda a história e caracterização de personagens, levando o espectador a um avido vício do primeiro ao último episódio. Esta série, baseada nos livros do americano Jeff Lindsay (de quem, infelizmente, ainda só li o primeiro livro) estreou em Outubro de 2006, e já conta com 4 temporadas completas. A quinta será lançada em finais Setembro, para bem dos meus pecados! Sinto saudades de todos aqueles apartes preciosos, da maneira como ele pensa. Sendo um sociopata controlado, adverso a tudo o que seja contacto ou ligação humana, Dexter acaba por se aproximar de alguém e de constituir família, indagando por vezes se alguma vez tudo aquilo será real. Vive em constante confronto com o que apelida de Dark Passenger, a quem diz ter que satisfazer as necessidades. No terceiro episódio da 2ª temporada há um monólogo que reflecte bem a presença deste "passageiro sombrio", presente no seguinte vídeo:




    Não sou nenhuma assassina em série, mas consigo seguramente identificar-me com o que ele diz. Todos nós temos nosso lado sombrio. Vícios, fetiches, manias e comportamentos compulsivos, que escondemos do mundo que nos rodeia. Dexter é simplesmente uma representação distorcida disso. Este monólogo retrata a sua sua sede de sangue, personificada na forma do tal Dark Passenger. Mas se reflectirmos um pouco, é uma homenagem a todos nós, que lutamos com a nossa própria dualidade. Brilhante, sem dúvida alguma!

    6.9.10

    SEGOVIA
     

     

     


    É este o meu destino de ERASMUS. Uma cidade no meio da vizinha Espanha, declarada Património da Humanidade pela UNESCO. Motivo de escolha? Até poderia ter sido, mas não. Segóvia nunca esteve nos meus planos, verdade seja dita. Nunca sequer foi considerada como hipótese. Foi um destino forçado à conta de burocracias e mal entendidos. A minha primeira escolha determinava-se pela sua proximidade do mar (prioridade para mim, no que tocava à localização) e por ser um destino turístico por excelência: Alicante. A poucos dias de terminar o prazo de inscrição para a maioria das faculdades, o Gabinete de Mobilidade e Comunicação Internacional informa que, ao que constava, a Escola não tinha sequer protocolo com a referida universidade. Como é de imaginar foi o descalabro. Como fora possível abrirem o processo com um destino que nem era viável? Após desculpas esfarrapadas e de darem a entender por meias palavras que a culpa era minha, já que me tinha guiado pelos dados fornecidos na página web e não me tinha dirigido ao gabinete. Afinal de contas, sou culpada. Culpada assumida, ao considerar que a informação disponível acerca dos destinos que podíamos escolher era de confiança. O facto é que aquilo não era actualizado há algum tempo. Há dois aninhos, coisa pouca. O choque não demorou muito tempo a passar. Foi substituído por outra coisa, ao perceber que a minha panóplia de escolhas tinha sido reduzida a 3: Segovia, Huelva ou A Coruña. Dentro destas, viesse o diabo e escolhesse. Segovia acabou por ser a eleita. E depois de um pouco de pesquisa, começo a pensar que "não há coincidências, apenas inevitabilidades". 

     


      
    Segóvia é mais do que uma cidadezinha do interior espanhol. É palco de monumentos históricos, como é exemplo o seu aqueduto, que data do séc. I. Pelo que pesquisei as temperaturas de Inverno podem atingir os magníficos -14º! Acho que não precisarei de sorte para ver nevar, sonho que tenho desde miúda e que nunca tive oportunidade de realizar. Pode não ter sido a minha primeira opção, mas tenho a certeza que a partir de dia 20 de Setembro este será o lugar onde terei uma experiência mais que única!



    Acho que não é necessário acrescentar mais nada.


    Are you aching for the blade?
    That's OK, we're insured
    Are you aching for the grave?
    That's OK, we're insured

    We're getting away with it all messed up
    Getting away with it all messed up
    That's the living

    Daniel's saving Grace
    She's out in deep water
    Hope he's a good swimmer
    Daniel plays his ace
    Deep inside his temple
    He knows how to serve her

    We're getting away with it all messed up
    Getting away with it all messed up
    That's the living
    We're getting away with it all messed up
    Getting away with it all messed up
    That's the living

    Daniel drinks his weight
    Drinks like Richard Burton
    Dance like John Travolta
    Now
    Daniel's saving Grace
    He was all but drowning
    Now they live like dolphins

    We're getting away with it all messed up
    Getting away with it all messed up
    That's the living
    We're getting away with it all messed up
    Getting away with it all messed up
    That's the living

    We're getting away with it all messed up
    Getting away with it all messed up
    That's the living
    Oh, getting away with it all messed up
    Getting away with it all messed up
    That's the living

    Getting away with it
    We're getting away with it
    That's the living
    That's the living