26.6.08


Hoje foi final do mês motivo mais que suficiente para estar bem disposta. Como já era de esperar. De manhã levantei-me e fui as compras com a minha mãe à concorrência. Sim, porque infelizmente o meu ordenado não suporta as compras no meu local de trabalho. Portugalinho medíocre. Nada a que os portugueses já não estejam habituados. Chegar ao final do mês e reparar que afinal, aquelas horas de trabalho que pareceram incessantes, as dores de cabeça, o stress constante, até não valeram assim de muito.
O shopping está movimentado. Provavelmente pelo fim do mês estar a aproximar-se. Enfim, consumismo imediato. Algo que nunca me interessou muito. Sou capaz de estar um semana sem comprar nada, nem sequer café. Estou a espera que o meu telemóvel toque. Não há meios. Que nervos. Continuando, ontem tive uma conversa surreal com uma das minhas supervisoras. Tudo a partir da mudança de horários. Ainda por cima, não simpatizo nada com ela. É uma daquelas coisas que achamos impensáveis e que quando acontecem ficamos pasmados e ainda a pensar se realmente aconteceu. É verdade. Não suporto o feitio dela, não que ela me tenha feito alguma coisa que me importunasse. Acontece que quando não vou com a cara de uma pessoa é complicado. Raramente acontece… mas quando acontece a minha relação com essa pessoa está arruinada já a partida. A não ser que a pessoa em questão me dê motivos para pensar o contrário, é claro.
Passei o dia de ontem a escrevinhar o meu horário. Tenho que planear as minhas férias. Não as posso deixar ao Deus dará. O problema é que torna-se difícil planeá-las a longo prazo. Por mais que tente, acaba sempre por surgir um imprevisto. Gostava de conseguir ir a praia todos os dias de bicicleta. Organizar o meu blog não seria nada mal pensado. Escrever um pouco mais também não. Fazer a tão esperada candidatura (dia 10 de Julho lá estou eu a porta com o Rafael, futuros universitários!). sim, porque depois das ferias faltará apenas um mês para abandonar o Jumbo e me entregar ao espírito académico. Isto se tiver vaga. Que vou ter como é obvio. Se eu não entrar com média de 17 nem sei que faço a minha vida… mas isso nem se põe em hipótese. Vou entrar. Não está garantido, falta um bocadinho assim. Agora que penso, o que vai ser das minhas colegas do balcão sem mim? A chefe tem que colocar alguém a aprender. Elas três sozinhas não conseguem gerir o trabalho. Se nem agora conseguimos. Ouvir dizer que a gasolineira abre em Setembro. Gostava de ainda cá estar para assistir a abertura. É sempre bom comer de borla! Não sei que operadoras vão passar para lá. Segundo a minha colega M.G., não há ninguém com estaleca para a coisa. Diz que são precisas pessoas enérgicas, que tenham iniciativa. Se já são poucas assim na frente de loja, se a abduzirem para a gasolineira então a loja esta perdida. E não estou a ser irónica, estou a ser bastante realista até. Se estivessem lá entendiam o que quero dizer.
A hora de entrada está-se a aproximar. A verdade é que por mim ficava aqui o resto da tarde a escrever. Escrever liberta-me. Isso sabe bem. Apesar de me estar a sentir ligeiramente observada, o que torna a minha estadia aqui um pouco incomodativa. Se me concentrar no que estou a fazer sinto-me noutro plano. Em que este olhares não me atingem. Não como o estão a fazer agora, neste preciso momento.
Acho que por hoje fico por aqui. Amanhã partilho mais um pouco contigo.

23.6.08

Estou na praia. E o bom é que não estou só na minha imaginação. Estou de facto sentada numa esplanada junto ao mar. Nem sabes as saudades que eu tinha desta envolvência. O mar, meu amigo das boas e más horas e meu confidente. A cada onda que passa sinto-me um pouco mais liberta, um pouco menos pré-definida. Sinto-me mais próxima do me “eu”, seja ele qual for. Quantas vezes não estive aqui, neste lugar, horas a fio, simplesmente a ouvir o mar. a deixar-me envolver? Quantas vezes chorei, sem motivo aparente, sozinha, apenas ouvindo este mesmo som que hoje ecoa neste lugar?
Aqui sinto-me bem. Não preciso de usar aquela mascara a que todos estão habituados. Aqui posso ser eu, sem medos nem vergonhas. Aqui sinto-me aconchegada e em paz, algo que raramente consigo atingir. Pensar que passei quase dois anos sem este meu pequeno paraíso. Desperdício. Confrontei-me a tempo com os meus erros.
Não há ninguém aqui (ignorando a família de ingleses que almoça calmamente nesta mesma esplanada). E apesar de os estabelecimentos de comércio habituais já estarem abertos, continuo a sentir-me confortável aqui.
A cada grão de areia pertence uma memória minha. Apesar dos meus (apenas) 19 anos de existência guardo bastantes aqui. Mais do que necessitava.

(fui interrompida por uma conhecida, conversa trivial apenas, sem interesse para o tema)

Enfim, definitivamente (tenho que começar a por de parte esta palavra) não há lugar no mundo comparável a este. Sim, as Maldivas e as Filipinas não contam. Esta é a minha praia. Este é o meu mar. Ai de quem diga o contrário! Perigo de morte garantido com certeza…
Escrevi neste lugar muitas das minhas poesias, curiosamente nenhuma dedicada ao senhor deste lugar, o mar. Minto, agora me lembro, tenho em um dos meus cadernos algo sobre ele. Quando chegar a casa vou procurar para te mostrar.
Gostava que a minha vida fosse mais como as ondas deste mar. A cada onda areia é remexida, renovada, desaglomerada... a cada embate, mudança. Preciso de um embate como esse neste momento. Sei que em Julho começam as candidaturas mas enquanto não estiver a sair da universidade com a matrícula já feita, tudo é incerteza. E enquanto houver esta incerteza persistente, não consigo mudar. E digo mudar no sentido da palavra. Não pequenas alterações na rotina e nos hábitos.
Em Leiria seria uma nova Lena. Diferente daquela que conheces. Mais determinada, como estas ondas farei mais sentido. Com um rumo traçado e com um numero relativo de objectivos na cabeça. Tentarei ser menos ingénua. Sabes que isso vais ser o mais difícil. Não o admito, nem aos meus amigos nem a ti (a família de ingleses acaba de sair). Eu e os meus defeitos nunca fomos muito íntimos. Limito a guarda-los numa gaveta separada no meu ser. Trancada a sete chaves de preferência. Não quero com isto dizer que tenha algum problema emm admiti-los. Não tenho. Decido apenas ignora-los. Há-de chegar o dia em que nos confrontaremos, mas par aja não.
O sol começa a espreitar neste dia que tyeima em ser cinzento. Não que eu me preocupe muito, porque na verdade é-me indiferente neste momento.
(suspiro)
Houve alturas em que senti, de facto, a falta de alguém do meu lado. Curioso que não o sinta agora. Acho que é a primeira vez que me sinto confortável por estar sozinha.
Esta semana tem sido um confronto constante entre mim e a senhora Solidão. Chorei. Chorei muito. Sem que ninguém se apercebesse. Libertei angustias que retrai desde que voltei a casa. Entendi que não posso esperar mais dos meus amigos. Eles já fazem bastante. Sou eu que sou demasiado exigente. São os meus padrões, já estás habituado a eles, mas os outros não.
Gostava que um dia alguém me conhecesse como tu me conheces. Acho nunca ninguém se esforçou o bastante. Nem mesmo aqueles que pensam que sou um livro aberto. Conhecem o que dou a conhecer, e satisfazem-se com isso. Tu sabes que sou muito mais. Um dia alguém há-de saber, tal como tu, por mais distante e impossível que isso se pareça.
Tenho pena de nunca ter chegado a receber um abraço teu. Até mesmo estas ondas já me abraçaram. Acho que todos os meus amigos me deram pelo menos um abraço. Todos menos tu. É injusto. A vida é injusta, isso é dado adquirido
Curioso chamar-te “meu amigo”. Não devia, se nunca te cheguei a conhecer. É estranho, mas sinto que sempre estives-te aqui para mim. Sempre, sem barreiras espaciais ou temporais.
Estou cansada. Todo o meu corpo está cansado. Até a alma me pesa nos ombros.

Bem cá estou a iniciar uma nova fase da minha vida! Eu e o meu caderninho preto... É nele que tiro notas para aqueles textos que tenho guardados na minha cabeça e que infelizmente nunca chego a escrever.

Nem sei bem o porquê de isso acontecer. Preguiça, cansaço talvez.. Só sei que não pode voltar a acontecer e que tenho que começar a lutar contra isso, passo a passo. Vou escrever.

Aliás não só escrever, vou relatar, opinar, observar, dar a conhecer... Vou fazer tudo o que puder com as minhas palavras. Tudo mesmo. : ) Espero assim ganhar alento para continuar com isto* de uma vez e voltar a ser o que era!




*ISTO: algo indefinido que se passa entre a minha cabeça e o meu coração, mas que tenho que tentar gerir, se não dou em doida.