15.11.08

Tenho saudades,
De estar perto de ti,
De sentir a tua essência.
Sinto falta do jeito como só tu me olhas,
E da despreocupação com que me tocas.
Sobretudo sinto falta de mim mesma,
Do que era
Quando tu estavas por perto.

Alguém, sim, era alguém.
Respirava liberdade,
Respirava desejo,
Respirava apenas,
Sem o mínimo de perturbação
Por estar a fazê-lo.

Respirava tudo,
Sentia-me,
Sentia-te,
Sentia-nos juntos.

Tudo o que resta é este me "eu",
Usado, rasgado, corrompido
Por falta de sentir verdade!

10.9.08






























Arena Shopping (11.07.08)

Hoje levantei-me mais cedo do que o habitual porque pensei que finalmente iria fazer a candidatura. Como precisava de um documento da minha escola, vim com tempo de fazer tudo com calma. Na escola foi tudo muito fácil. Com o me BI foi fácil encontrar o meu certificado de exame no sistema. E lá fui eu, completamente ansiosa, esperando que ficasse tudo resolvido antes de ir de férias. Sim, depois de amanhã fico livre do Jumbo por uns belos e maravilhosos 18 dias! Só espero que não haja nenhum stress entretanto. Continuando, saí da escola em direcção ao Centro (de qualquer coisa) do Oeste. Achei deveras estranho, no segundo dia de candidatura e só havia um carro à porta? Nem movimento, nem pessoal preocupada andando de umm lado para o outro… “É cedo!”, pensei eu. Como seria de esperar quando lá cheguei bati com o nariz na porta. E o sentimento de esperança, tornou-se em raiva. É que nem um aviso na porta havia a informar onde nos deveríamos dirigir para pedir informações. A minha sorte, e nem sei como me lembrei, é que de manhã antes de sair de casa, gravei o número da escola, caso precisasse de algo. Liguei. Lá houve uma alma caridosa que me disse que a candidatura só seria possível em Lisboa. Mas se eu moro no concelho de Torres Vedras, porque carga de água é que tenho que ir a Lisboa? Não tem a mínima lógica a meu ver. Já há tantos anos que o Centro coordenava as candidaturas. Agora de um ano para o outro, há e tal, vamos lá todos contribuir para a rede de transportes públicos ou consumir mais um bocado de gasolina (que está baratinha, não haja dúvida) para preencher uma folha A4. Fiquei nem sei bem como descrever… Exaurida! Se me aparecesse alguém pela frente, iria descarregar tudo! O que vale é que estava sozinha. O Rafael é que foi inteligente. Pediu senha e agora vai fazer a candidatura online. Devia ter feito o mesmo. Agora poupava-me a trabalhos. A minha mãe já disse que vai comigo. Ainda bem, se fosse sozinha com certeza me perderia assim que pusesse os pés em território alfacinha. Não conheço nada, e como sou uma atrofiadita da cabeça tenho vergonha de andar a perguntar ás pessoas “onde fica isto” ou “qual o caminho para chegar aqui”. A minha mãe não é assim. Ainda bem. Assim chegamos lá num instante. Não descanso enquanto não sair com o duplicado da candidatura. É um estado, meu Deus, de expectativa e de ansiedade geral. Nem quero pensar quando tiver que esperar pelos resultados! Acho que não vou dormir na semana que anterior. Não vou mesmo.
Já tentei planear estas férias, mas só estão os primeiros 3 dias! Nem sei se vou conseguir cumprir o primeiro dia quanto mais os seguintes! É verdade que estes planos também não dependem só de mim. Ainda tenho que combinar algumas coisas, mas uma pelo menos é certa: vou a Leiria passar uns dias. Vai ser bom para ficar a conhecer alguns locais de referência. Assim quando for para lá já não ando ás escuras e a palpar terreno. Se bem que ainda não estou a ver a minha prima a dar menos atenção ao namoradinho querido só por eu lá estar… a ver vamos de ainda não vou apanhar uma seca descomunal. Ai e faltam só 2 dias para ir de ferias nem acredito...


Neste momento o relógio marca 02:03 da manhã. Estou de folga. Mais um dia falhado, sem planos ou objectivos atingidos. A casa está silenciosa, não se ouvem passos ou respiração. Apenas o vazio, escuro e dissolvente. O vazio, um nada que me encobre, que me faz sentir encurralada. Não gosto deste sentimento, mas de alguma maneira já me sinto acomodada. Todas as noites é o mesmo.
O céu. Esse azul imenso, salpicado pelo branco das nuvens. E se o azul de vida que possuo também fosse salpicado de pureza? Talvez não ignorasse as flores que pedem para brotar no meu caminho?
Olho mais de perto. Sinto o vento na face. Sinal de mudança?


I can not find a way to describe it, it’s there inside, and all I do is hide… I wish there it just go away. What would you do if you knew?
I feel like I I’m all alone, all by myself, I need to get around this… My words are cold; I don’t want them to hurt you. If I show you I don’t think you’d understand, because no one understands.

Compreendo então que o céu e a terra não estão assim tão distantes. Talvez tu não estejas assim tão longe. Se por meu passo te seguisse, talvez em pouco tempo chegaria a ti. Mas isso é ilusão. Pois meus passos não são mais que pedaços de nuvens salpicados na calçada do destino. Saltitando como uma criança, aí talvez a ti chegasse. Criança ignorante e inocente, que nada sabe das pedras desta calçada. Para ela, a calçada é céu, e o céu calçada. Porque o céu e a terra são unos. Mas não sou criança. Nem mulher. Nem pessoa. Nem céu ou calçada.


Everybody is always talking at me, everybody is trying to get in my head, I want to listen to my own heart talking, I need count on myself instead. Don’t you ever lose yourself to get what you want? Don’t you ever get on a ride and want to get off? Don’t you ever push away the one you should have close? Don’t you ever doubt your dream will never come true? Don’t you ever blame the world but never blame you? I will never try to live a lie again… I don’t want to win this game if I can’t play it my way!


Se fosse céu quereria ser terra. Se de terra me tratasse desejaria ser calçada. Se fosse calçada quereria ser criança. Se criança nascesse desejaria ser mulher. E enquanto mulher sonharia ser céu salpicado de nuvens brancas de pureza. O que sou? No que me tornarei? Terei de aceitar o meu destino? Mas o que é o destino?
Ser o que sou, tornar-me algo, aceitar o meu destino seja ele o que for? Seguir o fio de vida que me deram á nascença? Segui-lo, entre céu e terra, pisando esta calçada de destino? Será esse o meu propósito?



It’s no good at all, to see yourself and don’t recognise your face, out on my own it’s such a scary place! The answers are all inside of me, all I got to do is believe! I’m not going to stop till I get my shot, that’s who I am, that’s my plan, we’ll end up on top again! To turn my life around, today is The Day…



O que não me mata torna-me mais forte. Mais resistente. Que me pisem, como se calçada me tratasse. Pois o caminho por onde sigo pode ser estreito, maltratado pelo tempo, escondido de modernidade e de atalhos, mas há-de chegar o fim, onde encontrarei o fim destas encruzilhadas e em que não haverão mais becos sem saída. Sem ratoeiras ou truques. Aí encontrar-te-ei. Sem lutar contra a calçada de destino, colhendo as flores que finalmente brotarão no meu caminho. E aí serei céu, calçada, terra, criança e mulher.

26.6.08


Hoje foi final do mês motivo mais que suficiente para estar bem disposta. Como já era de esperar. De manhã levantei-me e fui as compras com a minha mãe à concorrência. Sim, porque infelizmente o meu ordenado não suporta as compras no meu local de trabalho. Portugalinho medíocre. Nada a que os portugueses já não estejam habituados. Chegar ao final do mês e reparar que afinal, aquelas horas de trabalho que pareceram incessantes, as dores de cabeça, o stress constante, até não valeram assim de muito.
O shopping está movimentado. Provavelmente pelo fim do mês estar a aproximar-se. Enfim, consumismo imediato. Algo que nunca me interessou muito. Sou capaz de estar um semana sem comprar nada, nem sequer café. Estou a espera que o meu telemóvel toque. Não há meios. Que nervos. Continuando, ontem tive uma conversa surreal com uma das minhas supervisoras. Tudo a partir da mudança de horários. Ainda por cima, não simpatizo nada com ela. É uma daquelas coisas que achamos impensáveis e que quando acontecem ficamos pasmados e ainda a pensar se realmente aconteceu. É verdade. Não suporto o feitio dela, não que ela me tenha feito alguma coisa que me importunasse. Acontece que quando não vou com a cara de uma pessoa é complicado. Raramente acontece… mas quando acontece a minha relação com essa pessoa está arruinada já a partida. A não ser que a pessoa em questão me dê motivos para pensar o contrário, é claro.
Passei o dia de ontem a escrevinhar o meu horário. Tenho que planear as minhas férias. Não as posso deixar ao Deus dará. O problema é que torna-se difícil planeá-las a longo prazo. Por mais que tente, acaba sempre por surgir um imprevisto. Gostava de conseguir ir a praia todos os dias de bicicleta. Organizar o meu blog não seria nada mal pensado. Escrever um pouco mais também não. Fazer a tão esperada candidatura (dia 10 de Julho lá estou eu a porta com o Rafael, futuros universitários!). sim, porque depois das ferias faltará apenas um mês para abandonar o Jumbo e me entregar ao espírito académico. Isto se tiver vaga. Que vou ter como é obvio. Se eu não entrar com média de 17 nem sei que faço a minha vida… mas isso nem se põe em hipótese. Vou entrar. Não está garantido, falta um bocadinho assim. Agora que penso, o que vai ser das minhas colegas do balcão sem mim? A chefe tem que colocar alguém a aprender. Elas três sozinhas não conseguem gerir o trabalho. Se nem agora conseguimos. Ouvir dizer que a gasolineira abre em Setembro. Gostava de ainda cá estar para assistir a abertura. É sempre bom comer de borla! Não sei que operadoras vão passar para lá. Segundo a minha colega M.G., não há ninguém com estaleca para a coisa. Diz que são precisas pessoas enérgicas, que tenham iniciativa. Se já são poucas assim na frente de loja, se a abduzirem para a gasolineira então a loja esta perdida. E não estou a ser irónica, estou a ser bastante realista até. Se estivessem lá entendiam o que quero dizer.
A hora de entrada está-se a aproximar. A verdade é que por mim ficava aqui o resto da tarde a escrever. Escrever liberta-me. Isso sabe bem. Apesar de me estar a sentir ligeiramente observada, o que torna a minha estadia aqui um pouco incomodativa. Se me concentrar no que estou a fazer sinto-me noutro plano. Em que este olhares não me atingem. Não como o estão a fazer agora, neste preciso momento.
Acho que por hoje fico por aqui. Amanhã partilho mais um pouco contigo.

23.6.08

Estou na praia. E o bom é que não estou só na minha imaginação. Estou de facto sentada numa esplanada junto ao mar. Nem sabes as saudades que eu tinha desta envolvência. O mar, meu amigo das boas e más horas e meu confidente. A cada onda que passa sinto-me um pouco mais liberta, um pouco menos pré-definida. Sinto-me mais próxima do me “eu”, seja ele qual for. Quantas vezes não estive aqui, neste lugar, horas a fio, simplesmente a ouvir o mar. a deixar-me envolver? Quantas vezes chorei, sem motivo aparente, sozinha, apenas ouvindo este mesmo som que hoje ecoa neste lugar?
Aqui sinto-me bem. Não preciso de usar aquela mascara a que todos estão habituados. Aqui posso ser eu, sem medos nem vergonhas. Aqui sinto-me aconchegada e em paz, algo que raramente consigo atingir. Pensar que passei quase dois anos sem este meu pequeno paraíso. Desperdício. Confrontei-me a tempo com os meus erros.
Não há ninguém aqui (ignorando a família de ingleses que almoça calmamente nesta mesma esplanada). E apesar de os estabelecimentos de comércio habituais já estarem abertos, continuo a sentir-me confortável aqui.
A cada grão de areia pertence uma memória minha. Apesar dos meus (apenas) 19 anos de existência guardo bastantes aqui. Mais do que necessitava.

(fui interrompida por uma conhecida, conversa trivial apenas, sem interesse para o tema)

Enfim, definitivamente (tenho que começar a por de parte esta palavra) não há lugar no mundo comparável a este. Sim, as Maldivas e as Filipinas não contam. Esta é a minha praia. Este é o meu mar. Ai de quem diga o contrário! Perigo de morte garantido com certeza…
Escrevi neste lugar muitas das minhas poesias, curiosamente nenhuma dedicada ao senhor deste lugar, o mar. Minto, agora me lembro, tenho em um dos meus cadernos algo sobre ele. Quando chegar a casa vou procurar para te mostrar.
Gostava que a minha vida fosse mais como as ondas deste mar. A cada onda areia é remexida, renovada, desaglomerada... a cada embate, mudança. Preciso de um embate como esse neste momento. Sei que em Julho começam as candidaturas mas enquanto não estiver a sair da universidade com a matrícula já feita, tudo é incerteza. E enquanto houver esta incerteza persistente, não consigo mudar. E digo mudar no sentido da palavra. Não pequenas alterações na rotina e nos hábitos.
Em Leiria seria uma nova Lena. Diferente daquela que conheces. Mais determinada, como estas ondas farei mais sentido. Com um rumo traçado e com um numero relativo de objectivos na cabeça. Tentarei ser menos ingénua. Sabes que isso vais ser o mais difícil. Não o admito, nem aos meus amigos nem a ti (a família de ingleses acaba de sair). Eu e os meus defeitos nunca fomos muito íntimos. Limito a guarda-los numa gaveta separada no meu ser. Trancada a sete chaves de preferência. Não quero com isto dizer que tenha algum problema emm admiti-los. Não tenho. Decido apenas ignora-los. Há-de chegar o dia em que nos confrontaremos, mas par aja não.
O sol começa a espreitar neste dia que tyeima em ser cinzento. Não que eu me preocupe muito, porque na verdade é-me indiferente neste momento.
(suspiro)
Houve alturas em que senti, de facto, a falta de alguém do meu lado. Curioso que não o sinta agora. Acho que é a primeira vez que me sinto confortável por estar sozinha.
Esta semana tem sido um confronto constante entre mim e a senhora Solidão. Chorei. Chorei muito. Sem que ninguém se apercebesse. Libertei angustias que retrai desde que voltei a casa. Entendi que não posso esperar mais dos meus amigos. Eles já fazem bastante. Sou eu que sou demasiado exigente. São os meus padrões, já estás habituado a eles, mas os outros não.
Gostava que um dia alguém me conhecesse como tu me conheces. Acho nunca ninguém se esforçou o bastante. Nem mesmo aqueles que pensam que sou um livro aberto. Conhecem o que dou a conhecer, e satisfazem-se com isso. Tu sabes que sou muito mais. Um dia alguém há-de saber, tal como tu, por mais distante e impossível que isso se pareça.
Tenho pena de nunca ter chegado a receber um abraço teu. Até mesmo estas ondas já me abraçaram. Acho que todos os meus amigos me deram pelo menos um abraço. Todos menos tu. É injusto. A vida é injusta, isso é dado adquirido
Curioso chamar-te “meu amigo”. Não devia, se nunca te cheguei a conhecer. É estranho, mas sinto que sempre estives-te aqui para mim. Sempre, sem barreiras espaciais ou temporais.
Estou cansada. Todo o meu corpo está cansado. Até a alma me pesa nos ombros.

Bem cá estou a iniciar uma nova fase da minha vida! Eu e o meu caderninho preto... É nele que tiro notas para aqueles textos que tenho guardados na minha cabeça e que infelizmente nunca chego a escrever.

Nem sei bem o porquê de isso acontecer. Preguiça, cansaço talvez.. Só sei que não pode voltar a acontecer e que tenho que começar a lutar contra isso, passo a passo. Vou escrever.

Aliás não só escrever, vou relatar, opinar, observar, dar a conhecer... Vou fazer tudo o que puder com as minhas palavras. Tudo mesmo. : ) Espero assim ganhar alento para continuar com isto* de uma vez e voltar a ser o que era!




*ISTO: algo indefinido que se passa entre a minha cabeça e o meu coração, mas que tenho que tentar gerir, se não dou em doida.