24.10.10

"La Plaza Mayor está enmarcada por los bellos pináculos del ábside de la Catedral, punto de reunión vespertino de las cigüeñas. De estilo gótico tardío, comenzó a construirse en 1525, con la colaboración desinteresada de los segovianos, bajo la dirección de los arquitectos de la familia Gil de Hontañón. Sustituyó a la Catedral Vieja situada en los actuales jardines del Alcázar y destruida durante la Guerra de las Comunidades en 1520."




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Já tive oportunidade de conhecer a catedral por dentro e é avassalador o sentimento enquanto caminhamos pelos corredores. É uma sensação de pequenez que só mesmo quem já visitou sabe do que falo. Deixo algumas fotos para que fiquem com curiosidade de vir até aqui conhecê-la pessoalmente.

(é incrível morar mesmo ao lado de um monumento tão grandioso!)


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Já passou um mês desde que cheguei a Segóvia, o que inclui três semanas de aulas. Como é óbvio existem diferenças e semelhanças, algumas boas e outras nem por isso. Juntei alguns pontos que pensei que vos pudessem interessar:


  • Edifícios
Ambos reúnem as condições necessárias para que uma aula seja eficaz: desde projectores que funcionam a primeira (não como em Portugal, que muitas vezes há que pedir a intervenção do técnico de informática) ao reconfortante aquecimento central, que pelo que sei também foi implementado este Verão na ESECS, juntamente com o ar condicionado. Obviamente que as temperaturas não são as mesmas, mas há que concordar que já houve alturas em que nem sentia as mãos para escrever. Aqui posso ficar de manga curta que ainda sinto calor! Em termos de acessibilidade na Faculdade de Publicidade existe elevador, o que faz  com que a barreira das inúmeras escaleras  que existem no edifício seja facilmente ultrapassada para quem tem a sua mobilidade reduzida (apesar de não dar acesso a todas as áreas da escola). A Faculdade de Turismo é nula nestes termos e posso dizer com segurança que seria praticamente impossível um portador de deficiência motora estudar lá. Se repararem são ambos antigos palácios, o que torna qualquer reforma inoperante. Para além disso, acredito que haja uma lei qualquer que proíba alterações em património deste tipo.


  • Professores
O coordenador de curso é impecável. Inclusive tentou responder em português aos nossos e-mails, acabando por dizer coisas como "reunião no meu despacho", mas o esforço é de louvar! É extremamente empático, o que facilita muito as coisas. Disponibilizou-se até a conversar com os outros professores se necessário, o que é mais do que se pode pedir. Em relação ao professores que nos leccionam as aulas propriamente ditas, quase todos se prontificaram a esclarecer eventuais dúvidas, demonstrando preocupação em falar mais pausadamente para facilitar a compreensão da nossa parte (o que é bem-vindo na hora de tirar apontamentos). Utilizei QUASE porque, como sempre, há um professor que parece ter gosto em nos dificultar a vida. Para além de ser o único que não vai incluir escolha múltipla no exame (que para quem não tem uma ampla gama de vocabulário é a salvação), dita literalmente a matéria! É a única aula que me sinto menos confortável. Imaginem-se de volta à escola primária, a darem por vocês a pensar como é que determinada palavra se escreve, e antes ainda, o que é que aquela palavra significa... Claro que enquanto consideram estas variáveis já perderam metade do que o prof. disse. Acabo por ficar frustrada, e penso que isso se nota, já que de há algumas aulas para cá reparei que repete o que diz de vez em quando! Arestas que se hão-de limar com o tempo.

  • Método de Ensino
Como já referi aqui também se recorre à utilização de diapositivos para explanar a matéria. Tê-los é que é mais complicado, já que apenas uma os disponibiliza na página da Universidad de Valladolid, página essa a que qualquer estudante tem acesso, sem necessidade de palavras-chave ou nome de usuário. No geral todos dão tempo de passar o seu conteúdo e não têm problema de voltar atrás se necessário. Há quem se apoie unicamente nas apresentações, quem traga notícias actuais e casos práticos para analisarmos, e quem faça exercícios no final das aulas. Resta, como seria de esperar, aqueles que apenas expõem os conteúdos oralmente, fazendo um apontamento ou outro no quadro. Felizmente são apenas um ou dois. Comparativamente, considero que aqui os professores tentam cativar mais os alunos, fazendo com que participem com a sua opinião ou fazendo-los pensar deixando um ideia em aberto. Vantagens de turmas com cerca de 60 a 70 alunos. De salientar que cá só agora de fez a transição para Bolonha, havendo muito menos componente prática (o chamado trabalho independente), como são exemplos os trabalhos de grupo e apresentações de trabalhos. Dependendo da crenças educacionais de cada professor faz-se apenas um exame a valer 100% da nota final, apoiado com um trabalho facultativo que ajuda na ponderação do exame. Apenas em Organização e Direcção do Gabinete de Comunicação os trabalhos valem 40%, facto que a docente desde logo justificou por ser defensora de Bolonha. 


  • Alunos
A grande diferença que salta à vista a partir da primeira aula é que aqui todos tiram apontamentos! Rapazes e raparigas, da primeira à última fila, todos têm material de escrita e seguem atentamente as definições dadas pelos professores. Vá podem tirar essas caras de espanto! Eu sei que a tive no primeiro dia. É incrível o silêncio que há nas aulas e a forma como todos prestam atenção. Não é que me incomode, pelo contrário... Só que como devem calcular não estava habituada aquele ambiente. E não estou a falar de alunos de último ano! Isto não me devia parecer algo do outro mundo, mas dei por mim a pensar que havia ali algum truque ou que tinham sofrido alguma espécie de lavagem cerebral. Não desfazendo a minha turma em Portugal, isto para nós é tipo utópico: ouve-se falar, mas não se tem a certeza que existe. Com toda a certeza que estão aqui em jogo factores como a educação e a cultura, já para não falar do sistema de valores. Psicologia à parte, estou grata que assim seja, até porque não têm problemas em emprestar os seus apontamentos (úteis na tal aula em que o professor dita tudo), ao contrário de um certo egoísmo com que todos de alguma forma já nos deparámos em Portugal.



  • Serviços e Funcionários
A reprografia para além de cara, peca na organização. Aqui os textos não são numerados, de forma a que quando se tem uma sebenta de 200 páginas que já passou pelas mãos de mais de meia centenas de pessoas, está tudo de tal forma baralhado que de perde o fio a meada. Não existe sistema de senhas e somos atendidos por ordem de chegada o que por vezes se torna um pouco confuso. Como só trabalha uma funcionária pode demorar um pouco até ficarmos despachados. Normalmente evito entrar quando vejo que está muita gente. Aqui não há refeitório, nem tão pouco serviço de bar ou cafetaria. Aliás, nem uma máquina de vending há! Portanto estou de volta ao velhos lanchinhos e snacks. A única máquina que há é de refrigerantes, aspecto que os alunos espanhóis parecem gostar, porque é frequente vê-los com Coca-colas e Fantas a matarem a sede no meio das aulas. Para mim não me incomoda muito, já que moro a 2 minuto da Faculdade e como frequentemente em casa. Relativamente aos funcionários, são acessíveis, prestáveis e têm sempre resposta pronta. 

    Resumindo e concluindo, o que falta em serviços é compensado pela forma de ensino e ambiente nas aulas. Tanto o ensino português como o espanhol têm as suas falhas, cabe aos alunos darem a volta por cima. É o que quero fazer este semestre. Voltar a Portugal sabendo que dei a volta por cima!

    8.10.10

    Na chegada. Uma das primeiras ruas que pisei em Valladolid.



    Valladolid é sem dúvida uma cidade encantadora! Nem sei por onde começar... Talvez pelo início, certo? Na sexta-feira foi a vez de visitarmos esta bela cidade, mais uma vez para um dia de orientação. Chegámos por volta das 10.30, depois de uma hora e meia de viagem desde Segóvia, e à medida que nos aproximávamos cada vez mais me dava conta que nada daquilo se parecia com a minha cidadezinha de mobilidade, com todo o devido respeito. As ruas eram largas, havia muito mais movimento e, a cada esquina, uma tienda de roupa diferente. O número de carros quadruplicara, para colmatar o excesso de pessoas. O ponto de encontro era o Palácio de Congressos, e embora já nos tivessem advertido para o facto que em Valladolid seriamos cerca de 900 estudantes, vindos de programas de mobilidade, não estava muito convencida. Teria de ver para querer!


    Palácio de Congressos da UVA.



    Bastou chegar ao campus universitário para perceber isso. As residências de estudantes eram enormes. Grandes prédios ao redor da universidade, universidade essa cujo o tamanho correspondia bem ao número de residências vistas.


    Um dos blocos de residências.



    Tudo o que vi transpirava qualidade de vida, e por uns escassos momentos invejei não estudar ali. Ao entrar no local de congressos compreendi bem o que o número 900 quantifica! Pelo que nos disseram na palestra vêm alunos do Japão, da China e até mesmo da Austrália. A minha inveja aumentou significativamente quando imaginei como seria o ambiente nocturno.


    Já no interior, com a maior parte dos estudantes de mobilidade.



    Depois de ouvirmos praticamente as mesma explicações que nos tinham sido dadas em Segóvia, foi-nos dito que à saída haveria guias turísticas que nos levariam para conhecer os pontos históricos da cidade. Começámos numa catedral (agora convertida em museu) e terminámos na Plaza Mayor, onde faleceu Cristovão Colombo, razoavelmente rico devido ao ouro que os seus homens tinham acumulado, no dia 20 de Maio de 1506.


    Na entrada da Catedral, actualmente palco do
    Museo Nacional del Colegio de San  Gregorio.


    Pormenor da fachada, com símbolos da Comunidade de
    Castilla y León.

    Uma das ruas da cidade, a caminho da Plaza Mayor.

    Plaza Mayor, o culminar da visita guiada.

    Aqui faleceu Cristovão Colombo, aos 55 anos.

    O grupo, no final da visita guiada!

    O almoço foi livre, cada um optou pelo local que mais lhe convinha. O nosso grupinho de Segóvia manteve-se mais ou menos unido, e a verdade é que eramos 7 na Pans & Company. A fome era tão pouca que ninguém se arriscou na comida típica, com receio de não ficarmos satisfeitos. Na parte da tarde a conversa foi fluindo, enquanto explorávamos a cidade. 


    Rua comercial. De salientar a figura humana no topo
    do edifício, ao fundo. 


    Aborreci-me um pouco com tanto "sai de uma loja, entra noutra", mas valeu a pena. Conforme o tempo passava percebi muitos deles seriam potenciais amigos para vida, algo deveras reconfortante. Danira e Gabi (alemãs), Klára e Martín (checos), Humberto (Venezuelano) e nós, as portuguesinhas. 


    Uma das pérolas preciosas do dia! (sem comentários) 


    Tenho que dizer a verdade. Foi nesta tarde que tive o meu primeiro encontro imediato do 3º grau! Nada previa que algo assim iria acontecer. Entrámos no Carrefour para comprar uma àgua, e lá estava ele. Sossegado, olhar meigo... Não resisti. Quando saí do supermercado não vinha sozinha. Trazia comigo um tigre de peluche de 1 metro de altura! Foi a estrela do dia. Apelidei-o de Paco, o que lhe deu ainda mais carisma. Hoje não há dia que não me perguntem por ele. Tornou-se a nossa mascote. O reencontro estava marcado para as 5 da tarde na Plaza Mayor, já que mais tarde assistiriamos à cerimónia de abertura do ano lectivo na Casa del Estudiante.


    Da esquerda para a direita: Martín, Klára, Vanessa,
    Paco e Humberto.


    A caminho da Casa del Estudiante paramos um pouco nos principais pontos turísticos, para dar oportunidade de tirarmos as últimas fotos, especificamente na Praça de Espanha e na zona do Campo Grande, locais encantadores pela arquitectura.


    A fonte da Plaza de España (a foto não era tão explícita)


    No centro do Campo Grande, a enorme fonte.


    No nosso último compromisso do dia ouvimos testemunhos de estudantes de mobilidade dos variados programas e bolsas que existem em Valladolid. Como é óbvio, todos salientaram a óptima experiência que tiveram e a forma como viver noutro país influenciou as suas vidas e carreiras profissionais. Para concluir a cerimónia assistimos à actuação do Coro da universidade, o qual vez um convite a quem gostasse realmente de cantar. Fui obrigada a morder o lábio inferior. Com uma actuação daquelas foi impossível não ficar cativada! Tenho cantado no quarto, como é hábito. Aqui não há karaoke e o meu único público é o meu senhorio, quando se coloca com o ouvido na porta do meu quarto! Hei-de sobreviver. 


    O imponente coro da UVA.


    No final fomos convidados a beber algo com o Vicerrector da Universidade de Valladolid. Havia também longas mesas com petiscos locais. O cansaço já era evidente, depois do longo dia, mesmo assim o grupo ainda mantinha o espírito.


    Em cima: Coralie, eu, Humberto e Gabi. Na parte inferior: Fátima,
    Kathy, Vanessa e Danira.


    Por volta das 10 e qualquer coisa voltámos a Segóvia. Se tivesse que escolher uma palavra para este dia seria certamente "enriquecedor". Conheci toda uma nova cidade, acompanhada de pessoas excepcionais e ainda ganhei um companheiro de quarto. O que é que se pode pedir mais? Após tanta acção, não consegui esconder a fadiga e fui apanhada desprevenida:


    Sleeping Beauty.