22.2.11




Nota Prévia: este texto foi escrito no passado dia 19. Por favor, faça o esforço de o ler em tom de ironia. Obrigada!


Aqui estou eu antes do começo de um novo semestre, depois de quase 5 meses fora do país - apesar de só ter passado a fronteira – e com uma semana de férias para me reorganizar. Tudo apontava para que esta reorganização não exigisse muito, mas o tiro saiu-me pela culatra. Começando pelo tempo, que não me deixou fazer nada durante toda a semana. Ainda fui até Porto Novo dar uma volta a pé para matar saudades, debaixo de chuva, visto que nem o tempo é mais teimoso que eu. Ver a minha praia num dia de Inverno não tem nada de apelativo, já que a foz dá uma cor bizarra à água do mar e as ondas gigantescas trazem camadas de entulho à costa. Mesmo assim não deixa de surtir aquele efeito tranquilizante! É, sem dúvida alguma, o melhor conselheiro privado que se pode ter (até porque nunca nos faculta conselhos indesejados).

Se o tempo foi um percalço, a greve da CP foi um pedregulho no sapato. No momento em que escrevo este post estou recostada dentro de um comboio parado sem hora prevista de saída, o que é bastante reconfortante. Pelo menos proporciona-me um momento de escrita, já não me posso queixar de tudo. Ora, tempo, CP, e que mais... Sim, as burocracias. Estamos em Fevereiro, 6 meses depois do início do ano lectivo, contudo ainda não sei o resultado da minha bolsa. Voltaram-me a pedir documentos que já foram entregues. Contudo só agora é que notaram a sua falta, visto que das duas vezes que interroguei os Serviços de Acção Social me tinha sido dito que só teria de esperar e que não seria preciso qualquer documento adicional. Com tudo isto só tenho vontade de dizer: viva Portugal! Nisto nuestros hermanos são bem melhores. Por falar em Espanha até agora tenho média de 8, o que é excelente! (não esquecer que o sistema espanhol avalia os alunos de 0 a 10) Até consegui 6 a História da Publicidade, se bem que tenho plena consciência que a professora foi condescendente. Tudo vai depender agora das equivalências que me derem cá, mas pela lógica não deve ser menos que 16, mas já não digo nada, como isto está é melhor não criar muita expectativa. Até porque sou a pessoa mais sortuda do mundo, quiçá da Europa!

Convenhamos, quem não tem a sorte do seu lado tem sempre que trabalhar o dobro, o que nos torna indivíduos muito mais resistentes a curto prazo, mas que a longo termo pode levar à ruptura. Que o diga o rei do Grunge, Sir Kurt Cobain, que se hoje estivesse entre nós completaria 44 anos. Autor de inúmeros êxitos, o vocalista dos Nirvana deixou-nos um legado extraordinário, embora tenha partido de forma pouco gloriosa. Não consigo imaginar o que passaria pela cabeça deste homem para pôr fim à própria vida. Para mim o suicídio envolve uma mistura estranha ente coragem e cobardia. Heart shaped box, que saiu para as rádios no ano de 1993, é uma das minhas músicas favoritas, por tudo o que significa para mim no seu conjunto: uma melodia genial, uma letra profunda, que reflecte ao ponto em que o amor nos prende involuntariamente a outra pessoa, e um videoclip para ficar a pensar um pouco. Bem que isto poderia ser o hino da minha vida! Ironias à parte, foi inquestionavelmente uma grande perda no mundo musical. A minha viagem está a chegar ao fim, quando tiver novidades sobre o meu regresso a Leiria faço um update

7.2.11

¡Te voy a echar de menos!



Aqui fica um vídeo de Segóvia durante a noite! Para quem não sabe, vivo entre a Catedral e o Ayuntamiento, que como podem comprovar pelas imagens, é um local privilegiado para se viver :) 

P.S. - Só faltam 3 dias para o regresso a Portugal e começo a sentir aquele aperto estranho no peito. Definitivamente, vou ter saudades desta pacata cidade!

Nota: ¡Te voy a echar de menos! traduz-se por "Vou ter saudades tuas!"

Cartoon da Semana


Frase da Semana


 "Quem vive só para si, vive para muito pouco"

6.2.11

Cântico Negro




Sem dúvida um dos meus poemas favoritos, e já que hoje estou nesta onda:


"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...

A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe

Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...

Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...

Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!

(José Régio)

Mensagem de Eperança



"Pensar fora da caixa é difícil para algumas pessoas. Continua a tentar"




Decidi partilhar convosco um vídeo absolutamente sarcástico de um senhor que sigo atentamente. Levni Yilmaz (Canal do Youtube: aqui), um cartoonista de S. Francisco, Califórnia. Se visitarem o canal poderão verificar o grau de genialidade da personalidade em questão, que toma conta de todo o processo, desde a criação ao produto final. A forma como coloca a voz é para mim a cereja em cima do bolo. É uma combinação infalível! Através dos seus vídeos Lev mostra o seu ponto de vista do mundo, o que nem sempre implica que seja positivo, como é costume para quem está habituado ao sistema do Thinking Outside the Box. A todos os que, como eu, se identificam com esta imagem sabem perfeitamente que pensar de maneira diferente nem sempre é compensador. Nadar contra a corrente, recusar ser mais uma ovelha no rebanho (perdoem-me a metáfora, mas de facto não melhor analogia que esta) por vezes traz mais contras do que prós. 

Este foi um dos últimos que o autor publicou no referido canal. Pelos vistos alguns dos visitantes consideram-no demasiado negativista, o que concluiu nesta clara e simples resposta. Devo confessar que fiquei aterrorizada depois de o ver pela primeira vez. Não pelo o elevado grau de ironia ao longo de todo o vídeo, mas por me ter relembrado que há por aí muito boa gente que vive assim. Não vale a pena categorizar, até porque é um pouco óbvio. Existem enumeras estradas que podem levar alguém a viver alienada desta forma. Ou talvez algumas até o sejam por escolha própria. Não contesto, respeito apenas. Apesar de voltar a reforçar que a ideia de fazer parte do rebanho, de ser padronizada ao ponto de não poder, aliás, de não saber criticar ou pensar por mim arrepia cada pelo do meu corpo. É fácil dizer a alguém "Vê o lado positivo" quando não somos nós a viver a situação propriamente dita. E cá para mim que ninguém nos ouve, alguém que viva sempre com um sorriso na cara tem algo a esconder. Ninguém é perfeito, e já que somos feitos de carne e osso (e não robôs pré-programados) que nos seja permitido desacordar, ter dias menos bons e anunciar o que quer que seja que "nos der na telha" ao resto da humanidade. Ter sempre em mente, como todos sabemos bem: a nossa liberdade termina onde começa a do outro. 

Não adianta de nada que me digam "Vê o lado positivo" se eu não sou capaz de o ver no momento. Cada um leva o seu próprio tempo a ajustar-se às situações menos positivas e, sinceramente, não adianta demonstrar um falso sorriso exteriormente, já que ao fazê-lo só nos faz relembrar que algo não está exactamente bem connosco. Então para quê fingir? Claro, chorar sobre o leite derramado nunca ajudou ninguém e a minha querida mãezinha sempre me disse "Filha arregaça as mangas e vai a luta". Como filha obediente que sou (*cof* *cof*), tenho feito isso desde que me recordo como gente. Sim, sim, há momentos em que desejo ser mais assim, acostumar-me, acomodar-me. Cansaria menos, é um facto, mas nunca seria eu!