Mais um dia de férias. Mais um dia de inutilidade e de vazio. Hoje senti mais que nunca que continuo a mesma. A mesma de há dois anos atrás, antes de tudo. Já deveria ter mudado, esse é o facto. Cabeça dura. Insegurança, vergonha e medo. Palavras que até há algum tempo atrás não faziam sentido. Estados de espírito que pensei ter enterrados algures no meu subconsciente. Pensei que tinha chegado ao cimo, e que daí ninguém me poderia derrubar. É incrível como nos pregamos partidas. Depois de tanto caminho percorrido, de quedas e sofrimento, a que se seguiram aqueles pseudo momentos de felicidade... A culpa é do topo, desse patamar utópico a que chegamos em raros instantes do nosso percurso. Por vezes desejo nunca o ter conhecido. Não podemos sentir falta do que nunca saboreámos. (penso da mesma forma com os chocolates!) Retrocedendo umas semanas, nem o conceito de refúgio psicológico era necessário. Sentia-me integrada, querida. Mas é ilusório. Algo que faço com frequência. Iludir-me. Chego a pensar se não é propositado... Pela primeira vez este ano senti o mar no meu corpo. Até ele me trata de forma diferente. Ou sou eu que o olho com um diferente olhar? Não gosto desta incerteza. Se pudesse erradicava tudo o que sugerisse dúvida da minha vida. Sinto que percorro a beira de um abismo, fascinada com o que poderá haver para lá do nevoeiro, contudo demasiado presa para saltar. Presa por estereótipos, por preconceitos, por todo um conjunto de ideias predefinidas. E enquanto estiver envolta por este tipo de ideologias sei que nunca serei eu mesma. Detesto agir segundo o que esperam de mim, mas é o que acaba por acontecer, sempre, independentemente do que quero ou do que seriam as minhas expectativas. Culpo novamente o topo (esse estado sublime) por tudo. Farei de tudo para atingi-lo novamente. Por isso fico assim quando me desiludo. Quando penso que encontrei uma alma errante como eu, com quem poderei partilhar tudo isto, o meu coração responde aos impulsos que vêm de dentro, chamem-lhe alma se quiserem, e eu não posso fazer nada. É como se o meu cérebro não filtrasse as informações. O pior é quando a ilusão cessa. E volto mais uma vez ao sentimento que fica, e ao gosto amargo. E quanto mais amargo é o gosto, mais me sinto manipulada, usada de alguma forma, por algo ou alguém, que me conhece melhor que eu. Isso revolta-me. Na vida real, forma dos meus sonhos e fantasias, são poucas as pessoas que me conhecem verdadeiramente. Poucos são os que fazer um esforço para descobrir mais do que a vista alcança. Não me admiro que me considerem uma frustrada, deve ser exactamente essa a imagem que transpareço: uma frustrada com problemas de consciência. Quadro tão lindo, não haja dúvida. O pior: lamentarmo-nos não nos leva a lado nenhum, nem tão pouco nos deixa evoluir. Só preciso de alguma motivação, masculina de preferência, para me tornar uma pessoa melhor. Odeio ter que depender dos outros, contudo a minha vida é em função do outro, sou tão paradoxal e indefinida que até é irónico... Espero pelo que nunca virá... Haja paciência!
1 comentário:
a esperança é realmente a última a morrer
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